O que há de estranho em mimTítulo: O que há de estranho em mim
Autora: Gayle Forman
Primeira publicação:  2007
Editora: Arqueiro
Ano: 2016
Páginas: 224
Classificação: 5/5
Skoob | Goodreads

Sinopse: Ao internar a filha numa clínica, o pai de Brit acredita que está ajudando a menina, mas a verdade é que o lugar só lhe faz mal. Aos 16 anos, ela se vê diante de um duvidoso método de terapia, que inclui xingar as outras jovens e dedurar as infrações alheias para ganhar a liberdade. Sem saber em quem confiar e determinada a não cooperar com os conselheiros, Brit se isola. Mas não fica sozinha por muito tempo. Logo outras garotas se unem a ela na resistência àquele modo de vida hostil. V, Bebe, Martha e Cassie se tornam seu oásis em meio ao deserto de opressão.

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“O que há de estranho em mim” é mais um daqueles livros que me conquistou pela capa. Comecei a ler no avião durante uma viagem e acabei logo no dia seguinte.

“Eu não saí dos trilhos. Apenas escolhi trilhos diferentes.”

Com o pretexto de uma viagem ao Grand Canyon, seu pai leva Brit para a Red Rock, no intuito de tratar o que a psicóloga da “escola” chama de “transtorno desafiador opositivo” — que significa simplesmente que ela é uma adolescente como qualquer outro. O isolamento completo deixa Brit especialmente chateada por ter sido obrigada a abandonar também sua banda que estava finalmente alçando seus primeiros voôs e Jed, integrante da banda e sua paixão platônica.

As garotas de Red Rock são separadas em diversos níveis, ganhando um pouco mais de liberdade conforme avançam para o próximo nível. Mas todo esse esquema hierárquico é baseado em técnicas bastante controversas para tratar os variados distúrbios das meninas.

Buscando apoio uma nas outras, Brit, V, Bebe, Martha e Cassie compõe o “Divinamente Fabuloso e Ultraexclusivo Clube das Malucas” e se reúnem às escondidas. Conversando, chegam à conclusão de que é necessário combater a Red Rock de dentro, já que toda a equipe profissional da “escola” é preparada para evitar que notícias sobre os abusos cometidos cheguem aos pais e para remediar a situação caso algum pai, contra todas as chances, acredite em sua filha.

O livro é narrado por Brit e, portanto, apresenta a visão da adolescente. Mas, ao contrário de muitos livros que abordam o universo adolescente, não colocam-os dentro do estereótipo de adolescentes-rabugentos-que-odeiam-os-pais e sim dentro de uma situação mais próxima à realidade: Brit sente bastante rancor e mágoa por ter sido colocada na Red Rock por seu pai, mas ainda o ama.

A história, digamos, principal é divertida e rasa. Mas a significância deste livro se estende para além do que é claramente descrito em suas páginas. 

“O que há de estranho em mim” é uma história sobre sororidade. Sobre a união de meninas completamente diferentes em seus “problemas”. Apesar da personagem principal ser a garota “comum”, as personagens secundárias — que possuem tanta importância quanto Brit no desenvolvimento da narrativa, estando apenas deslocadas do foco —  são gordas, magras, héteros, lésbicas, bissexuais, virgens ou promíscuas. São garotas que, apesar da competição estimulada pela equipe de Red Rock, se apoiam para que possam sobreviver aos horrores da instituição.

Queria poder recomendar que este livro fosse leitura (e discussão) obrigatória em toda escola, por ser uma leitura tão leve e rápida quanto é significativa.

52 Livros em 52 Semanas