Jonathan Safran Foer
Ficção
Rocco
2017
592
Após onze anos de espera, Jonathan Safran Foer, um dos mais aclamados nomes da literatura deste século, retorna ao romance com Aqui estou. Assim como nos celebrados Tudo se ilumina e Extremamente alto e incrivelmente perto, o autor apresenta uma narrativa que, partindo do doméstico, transborda universalidade ao contar a história de uma família judia em Washington que vive um momento de crise, ao mesmo tempo que um terremoto de grandes proporções atinge Israel, gerando ainda mais instabilidade política e social na região e abalando também as convicções de cada um dos personagens e a própria estrutura familiar. Captando com precisão o espírito caótico de nosso tempo em uma trama pontuada por casamentos em xeque, cidades devastadas e opiniões polarizadas, Foer reflete sobre os conceitos de felicidade, tristeza, vida, morte, amor, intimidade, sexualidade, religião, ceticismo, tradição, tecnologia, cultura, passado, presente e futuro. Considerado um dos melhores livros de 2016 pela crítica (The New York Times, Time Magazine, Times Literary Supplement), Aqui estou é uma obra impactante, engraçada e, acima de tudo, urgente.
Bom… Vamos lá. Preciso respirar fundo algumas vezes antes de começar essa resenha porque só eu sei o nervoso que passei com esse livro, viu.
Jonathan Safran Foer é um dos autores que eu conheci lá em meados de 2010 por conta do Tumblr. Seus dois primeiros livros Está Tudo Iluminado e Extremamente Alto e Incrivelmente Perto foram adaptados para o cinema e se tornaram o YA must read da época. Só li (e assisti o filme) do segundo, e realmente é um livro maravilhoso e denso, apresentando a história pelo ponto de vista de um garoto de 9 anos que buscas respostas sobre a morte de seu pai durante os ataques terroristas de 11 de Setembro. Me arrepia só de lembrar.
Aí quando chegou a seleção de lançamentos de Maio da Rocco, bati o olho e sabia que eu queria ler um livro tão incrível quanto, mesmo tendo prometido a mim mesma que ia escolher qualquer coisa com menos de 400 páginas. “Aí vai ser certeiro, não vou me decepcionar!”, eu pensei. Que erro.
“Aqui estou” começa com o conflito de Sam, um pré-adolescente judeu que está às vésperas de seu bar mitzvah, mas seus pais são chamados na escola judaica quando o diretor descobre uma folha cheia de insultos escritas por ele. Sam alega que não escreveu aquelas palavras, e seu pai, Jacob, acredita nele. Mas Julia, sua mãe, tem certeza de sua culpa. O bar mitzvah agora corre o risco de não acontecer, decepcionando então o bisavô de Max, Isaac.
Aí você pensa: ok, vamos lidar com esse conflito entre os pais, Sam tentando provar sua inocência, coisa e tal. Não. De uma hora para outra o conflito muda: Julia encontra no banheiro o celular secreto de Jacob, cheio de mensagens explícitas que ele trocava com outra mulher. Ah, então vamos lidar com o conflito do casal, separação, como ficam os filhos nesse meio, legal. Não. Agora o primo Israelense de Jacob chega na cidade, e começa a se desenrolar uma guerra em Israel. Oi? É.
A sensação que fica é que o autor não conseguiu criar um conflito forte para sustentar a trama e foi pulando de conflito em conflito. Mal se toca no assunto do conflito inicial, ele se resolve de repente, o conflito do casal também não entra novamente em foco e só aparece vez ou outra nos pensamentos dos dois. Isso faz com o que o livro se arraste e, sinceramente, eu não aguentei terminar. Chegando nas últimas 150 páginas só segui uma leitura dinâmica pra entender a conclusão geral da coisa toda e não senti falta de ter lido com atenção esse final, uma vez que não há envolvimento suficiente com qualquer um dos conflitos para se importar o bastante.
A melhor coisa do livro são os personagens. Eles são realmente bem construídos e possuem personalidades distintas e marcantes. Julia com traços muito fortes de independência e a demonstração de quão cansada ela está da vida que leva, Jacob com todo o ar de quem não está onde esperava estar na vida. Além de Sam, o casal tem dois outros filhos: Max e Benjy e, meu deus Max é extremamente inteligente, enquanto Benjy é a fofura em pessoa!
Eu gostaria de acreditar que Aqui estou é um livro que vai ser muito bom para muitas pessoas, que eu que não me entendi com ele, porque o autor realmente foi espetacular em Extremamente Alto e Incrivelmente Perto e eu gostaria muito de ter amado este livro também, mas não rolou.
Se você leu e teve uma experiência diferente, comenta aqui! (:
*livro recebido em parceria com a editora
Respostas de 2
Acho que o nome do filme ficou “Tão forte e tão perto” porque eu lembro de ter assistido um dia desses e achei bem interessante a história. Porém, sei exatamente como se sente em relação à uma leitura arrastada. Vou escrever sobre a biografia do David Bowie no blog, mas adianto aqui que me arrastei meses pra terminar a leitura, o que me frustrou demais! Quando vi seus preparativos com as estrelas de Davi achei que era leitura sobre o holocausto, coisa de historiadora doida né?! Beijos
Esse filme mesmo!
Ai, eu não consigo de jeito nenhum ler biografias por conta desse ritmo lento de leitura. ): Já desisti completamente.