Apenas um garoto Book Cover Apenas um garoto
Bill Konigsberg
Juvenil (YA)
Arqueiro
2016
256
Apenas um garoto — Bill Konigsberg 1

Rafe saiu do armário aos 13 anos e nunca sofreu bullying. Mas está cansado de ser rotulado como o garoto gay, o porta-voz de uma causa.

Por isso ele decide entrar numa escola só para meninos em outro estado e manter sua orientação sexual em segredo: não com o objetivo de voltar para o armário e sim para nascer de novo, como uma folha em branco.

O plano funciona no início, e ele chega até a fazer parte do grupo dos atletas e do time de futebol. Mas as coisas se complicam quando ele percebe que está se apaixonando por um de seus novos amigos héteros.

Rafe é um adolescente gay e não há nada de errado com isso. Exceto pelo fato de que ele está cansado que isso defina sua vida.
Seus pais levaram numa boa a notícia de que o filho é gay, e sua mãe é inclusive presidente de um grupo de pais e amigos LGBT em sua cidade. Mas, cansado de carregar o rótulo – e a responsabilidade – ele decide mudar de estado e se reinventar.
Rafe ingressa na Natick, um internato exclusivo para garotos na Nova Inglaterra, e decide que não irá abrir o jogo com ninguém sobre sua sexualidade.

“Durante o verão inteiro eu havia repassado todos os cenários sobre assuntos gays na Natick. Eu tinha planos bem definidos. Seria livre de rótulos. Não pergunte e eu não conto. A única maneira de eu mentir seria se me perguntassem diretamente: “Você é gay?” Nesse caso, responderia que não. Mas mesmo assim não falaria que sou hétero. Eu não queria mentir; só não queria ser o garoto cuja característica principal era gostar de garotos. Então, qualquer coisa que não fosse uma pergunta direta receberia uma resposta evasiva.”

Durante o livro acompanhamos Rafe enquanto ele cresce dentro da Natick. Agora ele faz parte do time de futebol e é amigo dos atletas, e também se dá bem com seu colega de quarto, um nerd viciado em programas de sobrevivência. Mas é com Ben que sua relação começa a ficar confusa. Ben é atleta – e hétero -, mas os dois se aproximam de uma forma bastante visceral e assistimos enquanto ambos tentam entender o que acontece naquela relação: Os pensamentos de Rafe e as ações de Ben são visivelmente as de pessoas apaixonadas, mas a grande questão “Ben é hétero” deixa ambos confusos.

Com uma proposta bem diferente, “Apenas um garoto” traz à tona dois assuntos muito relevantes: primeiramente as relações que são mais afetivas do que físicas, o amor sem a sexualidade intrínseca. Esse tipo de relação existe e independe de orientação sexual, mas muitas vezes são “auto sabotadas” por uma necessidade de rotulação: “eu o amo, mas sou hétero, não podemos ficar juntos”

E, mais superficialmente, sobre se assumir e carregar esse rótulo como sua principal característica e a angústia que isso pode causar para um indivíduo.

Acho que até agora nenhum livro com temática LGBT me decepcionou, e esse não podia ser diferente. Gostei muito do fluxo de narrativa e da forma como o autor nos apresenta cada situação e cada pensamento de Rafe.
Agora estou curiosa para ler a sequência, que tem publicação prevista para Março de 2017 e focará agora nos conflitos de Ben para entender sua sexualidade.

Apenas um garoto — Bill Konigsberg 2