A Menina Submersa: Memórias Book Cover A Menina Submersa: Memórias
Caitlín R. Kiernan
Fantasia
Darkside
2015
320
A Menina Submersa: Memórias — Caitlín R. Kiernan 1

Com uma narração intrigante, não linear e uma prosa magnífica, Caitlín vai moldando a sua obsessiva personagem. Imp é uma narradora não confiável e que testa o leitor durante toda a viagem, interrompe a si mesma, insere contos que escreveu, pedaços de poesia, descrições de quadros e referências a artistas reais e imaginários durante a narrativa. Ao fazer isso, a autora consegue criar algo inteiramente novo dentro do mundo do horror, da fantasia e do thriller psicológico.

“A Menina Submersa: Memórias” me ganhou pela capa. Tanto a capa incrível da edição especial em capa dura como pela edição “comum” (essa aqui), ambas da incrível Editora Darkside.

A Menina Submersa: Memórias — Caitlín R. Kiernan 2

Logo na primeira página o livro me fisgou completamente quando a personagem principal relata que sua mãe morreu no Hospital Butler para Lunáticos. Assim como sua mãe e sua avó, ela se apresenta também como louca. A sua esquizofrenia reflete diretamente na maneira com a qual a história é conduzida. A narração do livro se dá pela personagem principal, India Morgan Phelps (ou Imp) enquanto ela escreve sua “história de fantasmas” mas, além de não ser cronologicamente linear, o ponto de vista de Imp oscila entre uma visão em terceira pessoa de si mesma, uma visão em primeira pessoa de seu ato de escrever e uma visão em primeira pessoa imersa em suas memórias. Para ajudar, Imp também não tem muita certeza sobre o que é verdade ou o que é invenção de sua cabeça (há até mesmo um trecho do livro em que ela conta, simultâneamente, duas versões de uma mesma história).

Pela falta de cronologia linear no livro, a resenha também vai ficar um tanto “aos pedaços”.

O título “A Menina Submersa” vem da relação de Imo com o quadro homônimo do pintor Phillip George Saltonstall, datado de 1898, ela descreve seus contatos com este quadro e as impressões que ela teve da obra. Imp se encanta com o mistério que envolve a pintura.

Outra peça chave no livro é Eva Canning. Eva é, ao mesmo tempo, uma sereia e um lobo e torna-se um fantasma. (Vale ressaltar que, nesta narrativa, a sereia não é colocada como pessoa-metade-peixe e sim como uma mulher com poderes de encantamento capazes de atrair alguém para a morte). Imp encontra Eva duas vezes pela primeira vez. E, ao levar Eva para casa, Imp perde Abalyn, sua namorada.

O papel de Abalyn é fundamental à vida de Imp. O romance do relacionamento entre as duas é pouquíssimo explorado, enquanto que seu papel como alicerce de Imp se destaca. É Abalyn quem é capaz de manter India sã.

Em meio às memórias de acontecimentos descansam também contos de Imp, pedaços de poesia que ela guarda, descrições e análises de quadros e artistas — reais e imaginários. E acredito que seja isso que deixa o livro tão interessante. Estes “itens” — o primeiro contato da personagem com a obra A Menina Submersa, por exemplo — que geralmente são deixados de fora ou são meramente comentados, apesar de terem exercido influência sobre a vida da personagem, estão ali presentes, descritos pela própria detentoda das memórias, de seu jeito confuso e esquizofrênico.

 

Cada um dos elementos da história trás consigo uma simbologia muito forte. Mas, para a minha felicidade, tudo está muito bem explicado na narrativa, não havendo necessidade de passar horas refletindo sobre o que você acabou de ler para entender o que a autora quis apresentar.

Apesar de ter gostado muito de como a esquizofrenia da personagem se reflete em sua narrativa e mesmo sabendo que, sem as particularidades da personagem impressas na forma da narrativa, essa história não existiria; esse fluxo não contínuo me incomoda um pouco, diminuindo meu ritmo de leitura e me causando um pouco de confusão mental. Então por isso decidi pela classificação 4 de 5.

 

Quem já leu “A Menina Submersa”, deixa sua impressão nos comentários que vou adorar saber!

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